terça-feira, 15 de abril de 2008

O PRIMEIRO “SEM TÍTULO“DA MINHA MÃE

Não pude conter a emoção quando a minha mãe me ofereceu o seu primeiro quadro a pastel!


Tenho a certeza que os meus olhinhos brilharam um pouco mais...
Fiquei tão orgulhosa, afinal de contas, durante anos ela emoldurou e guardou todos os meus péssimos desenhos, trabalhos de escola, quadrinhos ridículos de ponto cruz, enfim... tudo o que fui criando – sem grande talento, diga-se de passagem.
Finalmente, os papéis inverteram-se e senti esse misto de admiração e vaidade!!!

Mas será que a minha mãe, que há seis meses não desenhava uma linha recta, tem mesmo talento, ou o meu orgulho filial deturpa o meu sentido crítico?
Não quero saber! Para mim é o quadro mais bonito do mundo, até porque nos representa às duas.(Será que denoto um travo de inspiração naquela velha fotografia a preto e branco em que me seguravas ao colo?)
Não gosto de paredes núas, e tenho dezenas de quadros perdidos pela casa, mas há ainda um espaço de destaque, que ficou vazio desde que me mudei, parece de propósito mas o teu quadro fica lá mesmo bem, mamã! Prometo colocar um foco ténue, para que todos o possam admirar devidamente, e para que à luz apropriada possam ver o meu sorriso de filha babada!

"Não me esqueci de nada, mãe.

Guardo a tua voz dentro de mim.

E deixo-te as rosas..."

O nosso poema do nosso Eugénio de Andrade

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