terça-feira, 8 de abril de 2008

ACORDO ORTOGRÁFICO - " A PERSPECTIVA DO DESASTRE" (V. Graça Moura)



“Quem sai do seu país como eu e você, tem de adaptar-se a muitas coisas novas, incluíndo a lingua.
Eu tive de aprender que aeromoça é hospedeira, açougue é talho e trem é comboio. E torcida é uma claque, e pindolim é matraquilhos”

O anúncio da CGD, na voz de Scolari diz tudo sobre a minha singela opinião acerca do tão falado acordo ortográfico, ainda que o mesmo se aplique apenas à grafia.

Quero escrever português de Portugal! Não sou fundamentalista e acredito na evolução linguística, caso contrário ainda estaríamos a escrever pharmacia, o argumento é que não me convence...

Sinceramente não acredito que o português se torne numa língua com maior expressão à conta deste acordo, julgo que é um perfeita manobra para o favorecimento das editoras brasileiras e uma politíca de charme, de suposta globalização.



“De que serve este acordo sem uma política de língua portuguesa no mundo?” – ora concordo inteiramente com o deputado João Oliveira! Some-se que ainda só foi ratificado por 3 dos 8 estados de língua Portuguesa - São Tomé e Príncipe, Brasil e Cabo Verde!

Eu não aprovo a homogeneidade, são as diferenças que nos identificam! Não quero escrever como falo, mas sim escrever em português!

Mas o que me faz rir verdadeiramente, são as afirmações de Pinto Ribeiro, actual ministro da cultura, que até muito respeito : " não há nenhuma limitação à liberdade criativa” (...) “os escritores continuarão a escrever poesia e prosa com a ortografia que entenderem”!!! I.é, as criancinhas vão ter de aprender a escrever segundo o acordo, nós comuns mortais idem aspas, mas os poetas poderão sempre adoptar a preferência ;)

AÇÃO, PROTEÇÃO, BATISMO, ADOTAR, EXCEÇÃO, COLEÇÃO, DIRETOR, EGITO, PERENTÓRIO??? TEM E TÊM ESCRITOS DA MESMA FORMA? PARA E PÁRA? HEI DE, HÃO DE??

“Quis-se um acordo imperial e intercontinental que unificasse o que é absolutamente não unificável : uma língua que já são várias!”
Nuno Pacheco


1 comentário:

Anónimo disse...

"grave será dobrar a língua e a espinha a interesses estanhos. Mas isso não é coisa que se escreva, assine ou reconheça num acordo."