quarta-feira, 25 de novembro de 2009

as tuas mãos impregnadas de nuvens..

"Normalmente é no terceiro minuto a partir do crepúsculo que o ar da praia é mais frio do que a agua. Não no segundo nem no quarto: no terceiro e durante 11 segundos, o que requer discernimento, atenção e paciência. O melhor é encostar-nos à muralha, de queixo na palma, vigiar as gaivotas, dar fé da mudança de cor no horizonte e nisto, mal o 3º minuto começa, tira-se a palma do queixo para que o ar poise nela e aí està: pega-se no ar da praia, mete-se no bolso e leva-se para casa sem deixar entornar. Tem de utilizar-se logo visto que no dia seguinte, a partir das 10, já o ar aqueceu. Puxa-se com cuidado do bolso e respira-se devagarinho. Quase sempre, então, os pinheiros estremecem e parece existir, nas mulheres da familia, uma especie de vontade de chorar. Não de tisteza, claro: do facto de existir para sempre, dentro delas, um búzio comovido."

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