terça-feira, 13 de maio de 2008

Os livros deitam-se fora?

Esta foi uma das questões que me coloquei nestas férias, confrontada com um livro menos bom, que estranhamente originou um excelente filme : "O Paciente Inglês". Sentia uma espécie de remorso, quase pecaminoso, e admito, ainda veio comnosco para terras lusas, mas pensando bem na temática, tudo que nos faz perder tempo, não merece as prateleiras lá da sala!

"- Quantos livros tem?
E Vasco Pulido Valente responde:
- Não faço ideia. Todos os anos deito fora uns 200 ou 300, para ganhar espaço.
Os jornalistas espantam-se:
- Deita fora livros?
E o Vasco refaz a resposta:
- Vendo a alfarrabistas e dou alguns.
Lembrei-me de um dia, em casa do Vasco, reparar justamente nesse fenómeno: o número de livros visível é francamente inferior ao número de livros que eu sei que ele lê/leu. Perguntei-lhe o que fazia à livralhada sobrante, e ele deu-me a mesma resposta que deu ao Expresso (a primeira), e eu fiquei espantado como os jornalistas do Expresso ficaram. Aí o Vasco parou de fazer o que estava a fazer e dedicou-se a explicar-me:
- Guardas todos os jornais e revistas que compras?
- Não, respondi
- Não encontras muitas vezes nesses jornais e nessas revistas artigos, reportagens, melhores do que boa parte dos livros inteiros que tens nas prateleiras de tua casa?
- Sim, é verdade...
- Aí tens: se deitas fora jornais e revistas com artigos, fotografias, páginas que achas notáveis, por que não deitas fora livros péssimos que compraste, leste e arrumaste para não mais os releres?
Nesse dia, à noite, atirei-me às prateleiras do escritório e a minha biblioteca ficou reduzida a metade. Que prazer, meu deus..."

PEDRO ROLO DUARTE

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