sábado, 13 de novembro de 2010
terça-feira, 9 de novembro de 2010
Edgar Meu amor…
" Por favor Edgar não me deixes assim, o que se passa entre nós, porque não telefonaste? Eu aqui à espera feita parva, nem ao cabeleireiro fui com medo que ligasses, fumei oito Mores seguidos, tenho a cabeça tonta de cigarros, já perguntei às Avarias se havia algum problema com o meu número e não há, já tentei entreter-me a pintar as unhas dos pés e borrei tudo, até nos calcanhares pus verniz, até na alcatifa, até no braço da cadeira, não foste ao emprego, não foste ao café, não foste ao clube, o que aconteceu Edgar? não é justo, não parece teu, não me deixes assim, dou voltas à cabeça a ver se percebo e não entendo, ainda ontem aqui vieste jantar ainda ontem me gabaste o ensopado de enguias, ainda ontem, no sofá, lembras-te?
- Gosto de ti Fofinha
ainda ontem, no sofá, coisa e tal, eu no princípio do licor e tu a puxares-me os collants
- Sua má sua mazona
e eu a mostrar-te o cálice
-Olha que isto deixa nódoas na almofada Edgar a almofada é nova
Tu de joelhos, tu despenteado, de gravata torta, tu tal e coisa
-Quais nódoas quais caraças ajuda-me que o fecho do soutien encravou e nem para trás nem para a frente ajuda-me senão chamo o serralheiro
e claro que não tinha encravado, Edgar, é uma questão de jeito é uma questão de calma, e tu a olhares para mim e a desapertares o cinto, tu atrapalhado nos atacadores
-Aguenta Deolinda que daqui a um segundo estou aí
eu aguentei, tu estavas aqui a magoares-me a perna com ocotovelo, eu
Levanta o braço amor que me aleijaste
da janela via-se o Laranjeiro quase todo que o meu apartamento é em cima, o Laranjeiro, a Cova da Piedade, Almada, mais seis meses e tenho as duas assoalhadas pagas, eu a pensar que podíamos, se tu quisesses, morar os dois, arranjar um cão e ser felizes, e nisto tu quieto, tu embaraçadíssimo a olhares para baixo:
- Devo andar cansado Deolinda deve ter sido do serão no escritório
tu sem ímpeto nenhum, tu sem vontade, eu a ajudar-te e tu envergonhado, tu de calças pelos tornozelos num fiozinho de voz
- Deve ter sido do serão no escritório não me mexas paramos meia hora e fico fino
parámos meia hora, assistimos àquele programa onde as pessoas vão pedir desculpa à família e depois abraçam-se e choram e a assistência aplaude a chorar também, e mesmo a senhora que faz o programa, tão simpática, tão boazinha, se comove como se comove o Laranjeiro em peso, eu a beijar-te
- Já descansaste Edgar?
Tu zangado comigo, tu que não ficaste fino nem meia
- Cala-ten
uma voz tão diferente da tua, amor, nem fofinha nem mazona, nem bichaneca
- Cala-te
E eu a fazer-te uma festa, cheia de paixão, preocupada com o teu cansaço
- Edgar
E tu sempre de calças pelos tornozelos a desviares-te para outro canto do sofá
- deslarga-me
Eu que te adoro, a pôr-te a mão na coxa, e tu como se a minha mão queimasse
- Deslarga-me poça deslarga-me
Vestiste-te num instantinho, puseste o casaco, avisaste da porta
- Se contas a alguém o que me sucedeu rebento-te
Eu a compor-me estarrecida, eu a tropeçar atrás de t
i- Não me deixes sozinha, não te vás embora Edgar
Tu a desceres a rua para a camioneta, tu curvado como se carregasses o mundo inteiro nos ombros, eu da marquise
- Edgar
E nem sequer te voltaste, nem sequer adeus, nem sequer um sorriso, nem sequer um telefonema, queria dizer-te Não te apoquentes, queria dizer-te Não tem importância, gosto de ti à mesma hoje tentamos outra vez, eu não conto a ninguém. Edgar, juro que não conto a ninguém, não vão troçar-te no emprego, não vão troçar-te no café, podíamos morar os dois no Laranjeiro ainda que ficasses cansado para sempre, eu não me importo, comprávamos um cãozinho, íamos aos domingos ao Ginjal, isto no Laranjeiro é calmo, vê-se a Cova da Piedade, vê-se Almada, tenho a cabeça tonta de cigarros, já perguntei às avarias se há problemas com o meu numero e não há, fiz ensopado de enguias, comprei sorvete no supermercado e o soutien que trago hoje tem rendas pretas e abre-se à frente Edgar, vai ser canja para ti tirar-mo."
ALA
- Gosto de ti Fofinha
ainda ontem, no sofá, coisa e tal, eu no princípio do licor e tu a puxares-me os collants
- Sua má sua mazona
e eu a mostrar-te o cálice
-Olha que isto deixa nódoas na almofada Edgar a almofada é nova
Tu de joelhos, tu despenteado, de gravata torta, tu tal e coisa
-Quais nódoas quais caraças ajuda-me que o fecho do soutien encravou e nem para trás nem para a frente ajuda-me senão chamo o serralheiro
e claro que não tinha encravado, Edgar, é uma questão de jeito é uma questão de calma, e tu a olhares para mim e a desapertares o cinto, tu atrapalhado nos atacadores
-Aguenta Deolinda que daqui a um segundo estou aí
eu aguentei, tu estavas aqui a magoares-me a perna com ocotovelo, eu
Levanta o braço amor que me aleijaste
da janela via-se o Laranjeiro quase todo que o meu apartamento é em cima, o Laranjeiro, a Cova da Piedade, Almada, mais seis meses e tenho as duas assoalhadas pagas, eu a pensar que podíamos, se tu quisesses, morar os dois, arranjar um cão e ser felizes, e nisto tu quieto, tu embaraçadíssimo a olhares para baixo:
- Devo andar cansado Deolinda deve ter sido do serão no escritório
tu sem ímpeto nenhum, tu sem vontade, eu a ajudar-te e tu envergonhado, tu de calças pelos tornozelos num fiozinho de voz
- Deve ter sido do serão no escritório não me mexas paramos meia hora e fico fino
parámos meia hora, assistimos àquele programa onde as pessoas vão pedir desculpa à família e depois abraçam-se e choram e a assistência aplaude a chorar também, e mesmo a senhora que faz o programa, tão simpática, tão boazinha, se comove como se comove o Laranjeiro em peso, eu a beijar-te
- Já descansaste Edgar?
Tu zangado comigo, tu que não ficaste fino nem meia
- Cala-ten
uma voz tão diferente da tua, amor, nem fofinha nem mazona, nem bichaneca
- Cala-te
E eu a fazer-te uma festa, cheia de paixão, preocupada com o teu cansaço
- Edgar
E tu sempre de calças pelos tornozelos a desviares-te para outro canto do sofá
- deslarga-me
Eu que te adoro, a pôr-te a mão na coxa, e tu como se a minha mão queimasse
- Deslarga-me poça deslarga-me
Vestiste-te num instantinho, puseste o casaco, avisaste da porta
- Se contas a alguém o que me sucedeu rebento-te
Eu a compor-me estarrecida, eu a tropeçar atrás de t
i- Não me deixes sozinha, não te vás embora Edgar
Tu a desceres a rua para a camioneta, tu curvado como se carregasses o mundo inteiro nos ombros, eu da marquise
- Edgar
E nem sequer te voltaste, nem sequer adeus, nem sequer um sorriso, nem sequer um telefonema, queria dizer-te Não te apoquentes, queria dizer-te Não tem importância, gosto de ti à mesma hoje tentamos outra vez, eu não conto a ninguém. Edgar, juro que não conto a ninguém, não vão troçar-te no emprego, não vão troçar-te no café, podíamos morar os dois no Laranjeiro ainda que ficasses cansado para sempre, eu não me importo, comprávamos um cãozinho, íamos aos domingos ao Ginjal, isto no Laranjeiro é calmo, vê-se a Cova da Piedade, vê-se Almada, tenho a cabeça tonta de cigarros, já perguntei às avarias se há problemas com o meu numero e não há, fiz ensopado de enguias, comprei sorvete no supermercado e o soutien que trago hoje tem rendas pretas e abre-se à frente Edgar, vai ser canja para ti tirar-mo."
ALA
quinta-feira, 4 de novembro de 2010
"porque a revolução se faz por dentro"
" Vc era capaz de viver com um homem que dissesse "hás-des" e o " moço" e a "moça"? E eu era muito menos capaz de viver com uma mulher que fosse economista e dissesse "optimizar" e usasse marcas por fora da roupa.
Preferia uma que colecionasse palhaços de loiça com dourados e dissesse: "hás-des".ALA
Preferia uma que colecionasse palhaços de loiça com dourados e dissesse: "hás-des".ALA
terça-feira, 19 de outubro de 2010
ADDICTED
"Resgatei o teu sorriso
quatro vezes foi preciso
por não precisares de mim
e depois, quando dormias
fiz de conta que fugias
e que eu não ficava assim
nesta dor em que me vejo
de nos ver quase no fim "
quatro vezes foi preciso
por não precisares de mim
e depois, quando dormias
fiz de conta que fugias
e que eu não ficava assim
nesta dor em que me vejo
de nos ver quase no fim "
quinta-feira, 7 de outubro de 2010
"Em certos momentos, imensamente raros, esquecia-se do papel que tinha de representar e (...) Claro que herdei alguma coisa dele: a solidão feroz, a capacidade de ser horrivelmente desagradável para os outros, os caprichos não tão incompreensíveis quanto isso, apenas defensivos, a agressividade injusta, o receio que me toquem demasiado fundo e fique tão sem pele, tão vulnerável, tão à mercê dos outros."
quarta-feira, 6 de outubro de 2010
Eat, Pray, Love
"I have a history of making decisions very quickly about men. I have always fallen in love fast and without measuring risks. I have a tendency not only to see the best in everyone, but to assume that everyone is emotionally capable of reaching his highest potential. I have fallen in love more times than I care to count with the highest potential of a man, rather than with the man himself, and I have hung on to the relationship for a long time (sometimes far too long) waiting for the man to ascend to his own greatness. Many times in romance I have been a victim of my own optimism."
— Elizabeth Gilbert
— Elizabeth Gilbert
domingo, 12 de setembro de 2010
domingo, 11 de abril de 2010
"Se pudesse, dizia-te para vestires sempre essa camisa azul. Não é por esse tom de azul ficar tão bem com o teu tom moreno. É porque te confere um tom de despreocupação, porque me deixa a imaginar que não é impossível saíres dessa redoma criada pelo paradigma da tua vidinha perfeita, carregada de regras patéticas, obsoletas e sem qualquer substância."
poder, podia...mas nao era a mesma coisa. E há tantas "camisas azuis".
poder, podia...mas nao era a mesma coisa. E há tantas "camisas azuis".
segunda-feira, 5 de abril de 2010
segunda-feira, 29 de março de 2010
«...deviam chover lágrimas quando o coração pesa muito e há momentos, palavra de honra, não se compreende o motivo, mas pesa, sente-se dentro o
(ia escrever o incómodo e não incómodo conforme não tristeza, não dor, como se traduzir isto, não sei)
Deviam chover lágrimas quando o coração pesa muito e há momentos palavra de honra que pesa
(para já fica assim)...»
(ia escrever o incómodo e não incómodo conforme não tristeza, não dor, como se traduzir isto, não sei)
Deviam chover lágrimas quando o coração pesa muito e há momentos palavra de honra que pesa
(para já fica assim)...»
domingo, 28 de março de 2010
ora nem mais...
Harry: "There are two kinds of women: high maintenance and low maintenance...You're the worst kind. You're high maintenance, but you think you're low maintenance....
Sally: "Well, I just want it the way I want it."
Harry: "I know, high maintenance."
Sally: "Well, I just want it the way I want it."
Harry: "I know, high maintenance."
sexta-feira, 19 de março de 2010
ALA - as always...
"Apetece-me desenhar o sol a sorrir. Apetece-me desenhar uma menina ao lado de uma árvore grande e a menina ser maior do que a árvore. Apetece-me desenhar uma casa com uma varanda e na varanda flores de caules compridíssimos, até ao alto do papel. Apetece-me desenhar um homem cheio de botões no casaco.
Dizer o quê? Se pudesse abrir o peito às pessoas e mostrar o que está dentro. Quanto mais gosto das pessoas mais emudeço
Há bocadinho apetecia-me desenhar o sol a sorrir, agora não sei o que me apetece. Que silêncio. Gostava de ouvir barulho de saltos de mulher no chão, a sua maneira de vestirem de gestos o interior das salas. Não me caía mal um aceno agora, a sombra de uma voz. De manhã a sombra da voz está no lado esquerdo delas, à tarde no direito. O mistério dos seus cabelos que me faz ter saudades do mar..."
Dizer o quê? Se pudesse abrir o peito às pessoas e mostrar o que está dentro. Quanto mais gosto das pessoas mais emudeço
Há bocadinho apetecia-me desenhar o sol a sorrir, agora não sei o que me apetece. Que silêncio. Gostava de ouvir barulho de saltos de mulher no chão, a sua maneira de vestirem de gestos o interior das salas. Não me caía mal um aceno agora, a sombra de uma voz. De manhã a sombra da voz está no lado esquerdo delas, à tarde no direito. O mistério dos seus cabelos que me faz ter saudades do mar..."
Play it again
quarta-feira, 17 de março de 2010
DISCURSO PRE ELEITORAL
"Eu gosto mesmo muito muito destes Louboutin, eu queria tanto :( Um dia, quando for Primeira Ministra, prometo minhas senhoras, que todos os meses darei um cheque-prenda as mulheres destes país no valor de 500€, e vou chamar-lhe de cheque anti-depressão (tipo cheque-dentista) e depois vou dar uma granda volta ao parlamento para o conseguir aprovar.
É muito simples, vou só apresentar os factos:
1º Uma mulher trabalha sempre mais que um homem, horas de trabalho + limpeza da casa + tratar dos putos + fazer o jantar
2º Uma mulher dorme sempre menos que um homem, isto porque ser mulher implica passar muito tempo necessário na casa de banho, tempo esse que depois compensa sempre com um óptimo resultado =)
3º Uma mulher tem de ouvir coisas como "Não sabia que as flores também andavam" da parte da espécie masculina, espécie essa que também nos parte os corações aos bocadinhos mesmo, mesmo pequeninos
Pois é, há muito sofrimento, por isso é que a maioria das depressões parte das mulheres, eu não julgo, e é por não julgar que tenho a solução!
O meu cheque anti-depressão no valor de 500€ ia ajudar todas as mulheres deste pais a ficarem "à altura" literalmente, afinal de contas, com esse valor já podemos comprar estes Louboutins, e com estes Louboutins, quem é que precisa de homens? Era o fim da depressão!"
segunda-feira, 15 de março de 2010
O PECADO MORA AO LADO
"I think it's wonderful that you're married. I think it's just delicate...I wouldn't be lying on the floor in the middle of the night in some man's apartment drinking champagne if he wasn't married....Sure, with a married man, it's all so simple. I mean you can't possibly ever get drastic...You may not believe this, but people keep falling desperately in love with me...And suddenly they get this strange idea in their heads...Yes, they start asking me to marry them. All the time. I don't know why they do it...All I know is, I don't want to get married. Not yet anyway. Getting married! That'd be worse than living at the Club. Then, I'd have to start getting in by one o'clock again...That's the wonderful part about being with a married man. No matter what happens he can't possibly ask you to marry him because he's married already. Right?"
OS SOCRATES DOS AFECTOS
"Esquece esse gajo. É um Sócrates dos afectos: nunca é nada com ele, nunca sabe de nada, nunca fez nada, nunca disse nada. Esta frase, dita por uma mulher a outra mulher, numa mesa de café, recordou-me a teoria brechtiana segundo a qual tudo é politica - em particular o que menos parece sê-lo." Ines Pedrosa
sábado, 13 de março de 2010
"...e a lembrança do frasco de perfume esquecido a aumentar, de chinelos conjugais no corredor, de outra escova de dentes no copo, e de repente uma vozinha de pavio de círio
- Você sabe o que é ter saudades de uma escova de dentes, amigo?
Por acaso sei, enfim julgo que sei mas calo-me. Uma escova de dentes cor de rosa, com pêlos brancos um bocadinho desgrenhados, uma escova de dentes linda a iluminar-me uma zona escondida da alma."
- Você sabe o que é ter saudades de uma escova de dentes, amigo?
Por acaso sei, enfim julgo que sei mas calo-me. Uma escova de dentes cor de rosa, com pêlos brancos um bocadinho desgrenhados, uma escova de dentes linda a iluminar-me uma zona escondida da alma."
segunda-feira, 8 de março de 2010
O facto é que me interessa muito mais um padeiro que um economista. Ou um gestor.
"Criaturas que, não sei porquê, me dão pena: economistas, gestores, administradores, directores, banqueiros. Deve ser triste ganhar dinheiro assim. O que sonhará um economista, a que brincava um gestor em criança? Ou nasceram já crescidos? Imagino-os debaixo do chuveiro, de gravata, a falar ao telemóvel. E sabe-se que são velhos não pelo aspecto mas porque quando contam que arranjaram uma secretária boa se referem a um móvel. O que sonhará um economista posso imaginar mais ou menos, agora o que sonha a mulher de um economista é que me preocupa. Se eu fosse mulher de um economista sonhava com canalizadores ou mecânicos de automóvel, homens que usam as mãos e não lêem revistas de golfe nos domingos de chuva."
ALA
ENTAO AO SABADO À NOITE...
ALA
ENTAO AO SABADO À NOITE...
Ensaio Filosófico das 3:17h da manhã
"E se o mundo, tal como o percepciono, não existe? Se não existem estrelas, nem planetas, nem a Terra, nem os seus oceanos, animais e pessoas que acredito nela viverem? Se não existem os meus pais, os meus irmãos, os meus amigos e aqueles que penso cruzarem-se comigo no dia-a-dia? Se os diálogos que estabeleço, os actos que tenho, os sentimentos que sinto, são unilaterais, sendo o seu feed-back imaginado por mim? Se tudo não passa de uma invenção minha, de uma projecção tridimensional da minha imaginação, ser único e solitário, num universo desconhecido, onde – talvez – um deus qualquer me manipula e joga a minha vida como se de um jogo virtual se tratasse? E se nem esse deus existe? Se só eu existo na realidade e sou a única responsável pela vida que imagino?
Se assim fosse, porque não idealizaria eu a minha vida perfeita, em que tu, Meu Amor serias, então, um homem decente?"
UM DOCE...
Se assim fosse, porque não idealizaria eu a minha vida perfeita, em que tu, Meu Amor serias, então, um homem decente?"
UM DOCE...
sábado, 6 de março de 2010
( )
Ryan Bingham: I thought I was a part of your life.
Alex Goran: I thought we signed up for the same thing... I thought our relationship was perfectly clear. You are an escape. You're a break from our normal lives. You're a parenthesis.
Ryan Bingham: I'm a parenthesis?
in Up in the air
Sometimes we are nothing more than a parenthesis in a long, twisted, complicated sentence.
Alex Goran: I thought we signed up for the same thing... I thought our relationship was perfectly clear. You are an escape. You're a break from our normal lives. You're a parenthesis.
Ryan Bingham: I'm a parenthesis?
in Up in the air
Sometimes we are nothing more than a parenthesis in a long, twisted, complicated sentence.
NAO ENTRES NESSA NOITE ESCURA
"Assim te foste embora, mas nao entres, nao entres por enquanto nessa noite escura, nao nos deixes aqui onde estes cardos até o mar magoam.
E as lágrimas, compreendes, espinhos também. A unica forma de te ser fiel é costurar a vida, lentamente, pelo avesso da dor, inventar um peito onde possas deitar-te, cobrir com lenços grandes os espelhos a fim de que nada impeça o teu regresso.
Como não quis ver-te partir, estarei aqui no dia da tua chegada."
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010
quinta-feira, 31 de dezembro de 2009
ano novo, vida nova?
Mario Crespo in Jn online
"O palhaço
O palhaço compra empresas de alta tecnologia em Puerto Rico por milhões, vende-as em Marrocos por uma caixa de robalos e fica com o troco. E diz que não fez nada. O palhaço compra acções não cotadas e num ano consegue que rendam 147,5 por cento. E acha bem. O palhaço escuta as conversas dos outros e diz que está a ser escutado. O palhaço é um mentiroso. O palhaço quer sempre maiorias. Absolutas. O palhaço é absoluto. O palhaço é quem nos faz abster. Ou votar em branco. Ou escrever no boletim de voto que não gostamos de palhaços. O palhaço coloca notícias nos jornais. O palhaço torna-nos descrentes. Um palhaço é igual a outro palhaço. E a outro. E são iguais entre si. O palhaço mete medo. Porque está em todo o lado. E ataca sempre que pode. E ataca sempre que o mandam. Sempre às escondidas. Seja a dar pontapés nas costas de agricultores de milho transgénico seja a desviar as atenções para os ruídos de fundo. Seja a instaurar processos. Seja a arquivar processos. Porque o palhaço é só ruído de fundo. Pagam-lhe para ser isso com fundos públicos. E ele vende-se por isso. Por qualquer preço. O palhaço é cobarde. É um cobarde impiedoso. É sempre desalmado quando espuma ofensas ou quando tapa a cara e ataca agricultores. Depois diz que não fez nada. Ou pede desculpa. O palhaço não tem vergonha. O palhaço está em comissões que tiram conclusões. Depois diz que não concluiu. E esconde-se atrás dos outros vociferando insultos. O palhaço porta-se como um labrego no Parlamento, como um boçal nos conselhos de administração e é grosseiro nas entrevistas. O palhaço está nas escolas a ensinar palhaçadas. E nos tribunais. Também. O palhaço não tem género. Por isso, para ele, o género não conta. Tem o género que o mandam ter. Ou que lhe convém. Por isso pode casar com qualquer género. E fingir que tem género. Ou que não o tem. O palhaço faz mal orçamentos. E depois rectifica-os. E diz que não dá dinheiro para desvarios. E depois dá. Porque o mandaram dar. E o palhaço cumpre. E o palhaço nacionaliza bancos e fica com o dinheiro dos depositantes. Mas deixa depositantes na rua. Sem dinheiro. A fazerem figura de palhaços pobres. O palhaço rouba. Dinheiro público. E quando se vê que roubou, quer que se diga que não roubou. Quer que se finja que não se viu nada. Depois diz que quem viu o insulta. Porque viu o que não devia ver. O palhaço é ruído de fundo que há-de acabar como todo o mal. Mas antes ainda vai viabilizar orçamentos e centros comerciais em cima de reservas da natureza, ocupar bancos e construir comboios que ninguém quer. Vai destruir estádios que construiu e que afinal ninguém queria. E vai fazer muito barulho com as suas pandeiretas digitais saracoteando-se em palhaçadas por comissões parlamentares, comarcas, ordens, jornais, gabinetes e presidências, conselhos e igrejas, escolas e asilos, roubando e violando porque acha que o pode fazer. Porque acha que é regimental e normal agredir violar e roubar. E com isto o palhaço tem vindo a crescer e a ocupar espaço e a perder cada vez mais vergonha. O palhaço é inimputável. Porque não lhe tem acontecido nada desde que conseguiu uma passagem administrativa ou aprendeu o inglês dos técnicos e se tornou político. Este é o país do palhaço. Nós é que estamos a mais. E continuaremos a mais enquanto o deixarmos cá estar. A escolha é simples.
Ou nós, ou o palhaço."
"O palhaço
O palhaço compra empresas de alta tecnologia em Puerto Rico por milhões, vende-as em Marrocos por uma caixa de robalos e fica com o troco. E diz que não fez nada. O palhaço compra acções não cotadas e num ano consegue que rendam 147,5 por cento. E acha bem. O palhaço escuta as conversas dos outros e diz que está a ser escutado. O palhaço é um mentiroso. O palhaço quer sempre maiorias. Absolutas. O palhaço é absoluto. O palhaço é quem nos faz abster. Ou votar em branco. Ou escrever no boletim de voto que não gostamos de palhaços. O palhaço coloca notícias nos jornais. O palhaço torna-nos descrentes. Um palhaço é igual a outro palhaço. E a outro. E são iguais entre si. O palhaço mete medo. Porque está em todo o lado. E ataca sempre que pode. E ataca sempre que o mandam. Sempre às escondidas. Seja a dar pontapés nas costas de agricultores de milho transgénico seja a desviar as atenções para os ruídos de fundo. Seja a instaurar processos. Seja a arquivar processos. Porque o palhaço é só ruído de fundo. Pagam-lhe para ser isso com fundos públicos. E ele vende-se por isso. Por qualquer preço. O palhaço é cobarde. É um cobarde impiedoso. É sempre desalmado quando espuma ofensas ou quando tapa a cara e ataca agricultores. Depois diz que não fez nada. Ou pede desculpa. O palhaço não tem vergonha. O palhaço está em comissões que tiram conclusões. Depois diz que não concluiu. E esconde-se atrás dos outros vociferando insultos. O palhaço porta-se como um labrego no Parlamento, como um boçal nos conselhos de administração e é grosseiro nas entrevistas. O palhaço está nas escolas a ensinar palhaçadas. E nos tribunais. Também. O palhaço não tem género. Por isso, para ele, o género não conta. Tem o género que o mandam ter. Ou que lhe convém. Por isso pode casar com qualquer género. E fingir que tem género. Ou que não o tem. O palhaço faz mal orçamentos. E depois rectifica-os. E diz que não dá dinheiro para desvarios. E depois dá. Porque o mandaram dar. E o palhaço cumpre. E o palhaço nacionaliza bancos e fica com o dinheiro dos depositantes. Mas deixa depositantes na rua. Sem dinheiro. A fazerem figura de palhaços pobres. O palhaço rouba. Dinheiro público. E quando se vê que roubou, quer que se diga que não roubou. Quer que se finja que não se viu nada. Depois diz que quem viu o insulta. Porque viu o que não devia ver. O palhaço é ruído de fundo que há-de acabar como todo o mal. Mas antes ainda vai viabilizar orçamentos e centros comerciais em cima de reservas da natureza, ocupar bancos e construir comboios que ninguém quer. Vai destruir estádios que construiu e que afinal ninguém queria. E vai fazer muito barulho com as suas pandeiretas digitais saracoteando-se em palhaçadas por comissões parlamentares, comarcas, ordens, jornais, gabinetes e presidências, conselhos e igrejas, escolas e asilos, roubando e violando porque acha que o pode fazer. Porque acha que é regimental e normal agredir violar e roubar. E com isto o palhaço tem vindo a crescer e a ocupar espaço e a perder cada vez mais vergonha. O palhaço é inimputável. Porque não lhe tem acontecido nada desde que conseguiu uma passagem administrativa ou aprendeu o inglês dos técnicos e se tornou político. Este é o país do palhaço. Nós é que estamos a mais. E continuaremos a mais enquanto o deixarmos cá estar. A escolha é simples.
Ou nós, ou o palhaço."
quarta-feira, 9 de dezembro de 2009
Se eu fosse Deus parava o sol sobre Lisboa
"A voz dele - Como estás tu? e a lata de me perguntar isto a mim que nunca sei como estou, nunca soube como estava. - Como estás tu? é a pergunta mais difícil de responder do mundo."
quarta-feira, 25 de novembro de 2009
nem sequer saudades...
"apenas a ternura que embrulhas numa careta de pressa.Desces as escadas. Metes-te no automóvel. Vais-te embora. Tu duro no interior de ti, como um punho fechado que estremece. Dizem que o coração é do tamanho de nosso punho fechado: se o abrisse tanta coisa fugia!
Sorri. Aconteça o que acontecer não páres de sorrir. E por amor de Deus não tornes a abrir o coração: como disseste acima, tanta coisa desataria a fugir"
maos impregnadas de nuvens II
"sou feito de cardos e há palavras que deixei secar dentro de mim ou a vida secou. Claro que vou escrevendo, vou respirando, até me acontece, às vezes orvalhar-me. Mas escondo. Dantes fechava-me à chave na casa de banho para nao me ver no meu desespero. Depois abria a porta e saía a assobiar. Há alturas em que assobiar custa imenso. Fazia um esforço, conseguia.
- Como estas?
Interrompia o assobio:
- Estou óptimo
e a noite levantava,sem que ninguém notasse, uma revoada timida de lágrimas.Podiam ser melros ou pombos ou assim, insistia
- São melros ou pombos ou assim
mas eram lágrimas. As lágrimas também podem fazer ninho nas árvores ou nas empenas dos telhados. E no entanto qualquer olhar me descerrava como se descerram dedos: pétala a pétala.
(...)
Tu, que nao conheço ainda, ou imagino que não conheço, ajuda-me a ficar. Ocupo pouco espaço, quase nao faço barulho, nunca grito, não incomodo ninguém. Leva-me contigo e ajuda-me a ficar. Tenho a ternura simples mas aos nós.Desata-me isto tudo..."
as tuas mãos impregnadas de nuvens..
"Normalmente é no terceiro minuto a partir do crepúsculo que o ar da praia é mais frio do que a agua. Não no segundo nem no quarto: no terceiro e durante 11 segundos, o que requer discernimento, atenção e paciência. O melhor é encostar-nos à muralha, de queixo na palma, vigiar as gaivotas, dar fé da mudança de cor no horizonte e nisto, mal o 3º minuto começa, tira-se a palma do queixo para que o ar poise nela e aí està: pega-se no ar da praia, mete-se no bolso e leva-se para casa sem deixar entornar. Tem de utilizar-se logo visto que no dia seguinte, a partir das 10, já o ar aqueceu. Puxa-se com cuidado do bolso e respira-se devagarinho. Quase sempre, então, os pinheiros estremecem e parece existir, nas mulheres da familia, uma especie de vontade de chorar. Não de tisteza, claro: do facto de existir para sempre, dentro delas, um búzio comovido."
...quem me assassinou para que eu seja tao doce?...
" NAO PRETENDO SENAO O IMPOSSÍVEL: UM MENINO QUE ME ACENA, UM BARCO QUE CHEGA, MARTELAR COM A MAO ESQUERDA, SABER DANÇAR O TANGO, DISTINGUIR-TE AO LONGE, NO AEROPORTO, À MINHA ESPERA..."
terça-feira, 24 de novembro de 2009
NOS 2 AQUI A OUVIR CAIR A CHUVA
"- Dás pela chuva Henrique?
subo os olhos do jornal a acenar que sim, e ficamos a contemplar a janela onde as gotinhas escorregam, aclaradas do viés pelas lampadas do passeio. Pelo menos falámos. Pelo menos disseste
- Dás pela chuva Henrique?
pelo menos acenei que sim do jornal, pelo menos, por um momento, estivemos acompanhados. Somos pessoas discretas, incapazes de exageros, de conversas, de emoções inuteis. Julgo que foi isso que nos uniu, a timidez, a ausencia de lagrimas.Ainda Bem. Acho que ainda bem para nós.(...)
E depois existem momentos assim,a seguir ao jantar, em que principia a chover e nós aqui dentro, em paz, quase felizes.
E escrevo quase felizes porque para escrever felizes seria preciso que a chuva fosse tão forte que arrancasse o prédio do lugar e o arrastasse consigo na direcção do Tejo, o que, é evidente, não acontecerá nunca(...)
Como tu me explicaste umas coisas valem por outras e temos o consolo da chuva.Perguntar-me-ás
- Dás pela chuva Henrique?
acenarei que sim, e durante um momento somos dois, e durante um momento, palavra, podia escrever em nome de ambos, eliminando o quase, que nos sentimos felizes."
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
EU, ÁS VEZES...
"(...)ficamos parados
a teimar no silêncio
(que silêncio tão grande)
– Já é tarde
e não é o relógio, somos nós
(...)
– Porque me tornaste nisto?
o silêncio aumentou tanto que o relógio se calou, uma palma no nosso ombro
– O que foi?
e construímos peça a peça um sorriso
difícil
(custa tanto um sorriso)
que responda por nós
Não foi nada."
a teimar no silêncio
(que silêncio tão grande)
– Já é tarde
e não é o relógio, somos nós
(...)
– Porque me tornaste nisto?
o silêncio aumentou tanto que o relógio se calou, uma palma no nosso ombro
– O que foi?
e construímos peça a peça um sorriso
difícil
(custa tanto um sorriso)
que responda por nós
Não foi nada."
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
Os amantes
ESTAVAM juntos há muitos anos. Tantos que, apesar das anteriores mulheres dele, ninguém aceitava que esta não fosse senão a única. Eu gosto quando o amor nos dá identidade mesmo que roube a nossa. O amor é tão bom e chega tão sedento, tão faminto, que se continua em nós rouba-nos tudo. Mas quando nos deixamos roubar é porque acreditamos. E felizes dos que acreditam…
Ele era um homem daqueles metidos para dentro: moderno por fora, mas tradicional ao mesmo tempo. Eu tenho muitos amigos assim. Há coisas que eles não conseguem mudar. E agora também não se luta contra os hábitos da idade.
Ela apareceu e rondou-o muitos dias, meses até. Era uma mulher especialmente bonita. Olhos azuis, pele muito clara e cabelo dourado. Quando eles se apaixonaram há muito tempo, ainda não havia aquela parva ideia de as loiras serem burras. Esta coisa de se subestimar as loiras irrita-me: é uma forma de as castigar só porque as falsas se permitem à frivolidade e as verdadeiras têm de ser penalizadas por serem bonitas sem artifícios.
QUANDO caíram nos braços um do outro nunca mais se largaram. E olhem que ela não se vestia como ele, nem ele como ela. No entanto, ouviam a mesma canção e tudo neles, como a água no rio, corria num só sentido.
Assim ficaram anos, décadas. A vida ligada por um fio e eles em cada uma das pontas. Às vezes, os que estão de fora até temem por um amor assim, com medo que um dos lados quebre e o outro nunca mais se equilibre. Mas as pessoas não podem, não devem, dizer dos receios que crescem nelas, ou isso estragaria a vida e a paixão.
Os dois cresceram com o amor que os unia. Não os tendo acompanhado, julgo que ele, o homem áspero, foi amaciando o coração com o mel que ela lhe trazia, e ela, mesmo vendo às vezes a aspereza nele, sorria, porque quem tem mel não quer doce (ou o amor tornava-se numa grande dor de barriga). Que o amor seja só uma grande dor no peito.
ELA ensinou-o a gostar de coisas que antes – a ele – lhe pareciam ridículas. E primeiro ele rejeitou-as até se permitir encaixá-las na sua vida. Eu gosto disso no amor: quando cedemos. Quando nos vergamos para aceitar o inaceitável. É normalmente nessas alturas que descobrimos grandes paixões. É nessas alturas que nos ouvem dizer: «Nunca pensei gostar tanto disto»... O amor traz-nos essa flexibilidade. Os que nunca se vergam acabam duramente sozinhos.
Ele também a ensinou a gostar de coisas diferentes das do mundo dela: não nós de pesca ou truques da sueca mas coisas dos discos e dos livros. Foi só ele estender-lhe a primeira pista e, não muito tempo depois, já ela o estava a ultrapassar com a sua aprendizagem. Quando as pessoas se amam muito é porque têm orgulho uma na outra, senão misturava-se a compaixão e a compaixão não é motor que faça o amor andar. Quando há esse amor grande, as pessoas insistem em surpreender-se. Ela passou a levar-lhe livros para casa de que ele nunca ouvira falar, e ele conquistava-a com mais uma música, mais uma voz que ela deixava chegar ao coração.
TIVERAM filhos, cães, férias de sol, viagens, e trabalharam muito para poder ter dinheiro. O dinheiro é importante para que o amor não se torne uma coisa coitadinha. E sobretudo para prescindir dele e escolher a paixão.
Mesmo no trabalho eles arranjaram maneira de se cruzar, de se misturar, de nos confundir com as suas identidades. Ambos movidos por uma força qualquer que não se percebia se era a que resultava dos dois, ou se cada um deles era assim generoso e destemido na partilha.
Foi tudo rápido e inesperado: ele morreu há dias. E a ouvi-la a recordá-lo foi como se ele nunca tivesse sido áspero ou arredio. É sobre o Amor que se tem de escrever, porque do menos nobre estão os jornais cheios.
Cidália Dias
(in NS de 07.10.09)
Ele era um homem daqueles metidos para dentro: moderno por fora, mas tradicional ao mesmo tempo. Eu tenho muitos amigos assim. Há coisas que eles não conseguem mudar. E agora também não se luta contra os hábitos da idade.
Ela apareceu e rondou-o muitos dias, meses até. Era uma mulher especialmente bonita. Olhos azuis, pele muito clara e cabelo dourado. Quando eles se apaixonaram há muito tempo, ainda não havia aquela parva ideia de as loiras serem burras. Esta coisa de se subestimar as loiras irrita-me: é uma forma de as castigar só porque as falsas se permitem à frivolidade e as verdadeiras têm de ser penalizadas por serem bonitas sem artifícios.
QUANDO caíram nos braços um do outro nunca mais se largaram. E olhem que ela não se vestia como ele, nem ele como ela. No entanto, ouviam a mesma canção e tudo neles, como a água no rio, corria num só sentido.
Assim ficaram anos, décadas. A vida ligada por um fio e eles em cada uma das pontas. Às vezes, os que estão de fora até temem por um amor assim, com medo que um dos lados quebre e o outro nunca mais se equilibre. Mas as pessoas não podem, não devem, dizer dos receios que crescem nelas, ou isso estragaria a vida e a paixão.
Os dois cresceram com o amor que os unia. Não os tendo acompanhado, julgo que ele, o homem áspero, foi amaciando o coração com o mel que ela lhe trazia, e ela, mesmo vendo às vezes a aspereza nele, sorria, porque quem tem mel não quer doce (ou o amor tornava-se numa grande dor de barriga). Que o amor seja só uma grande dor no peito.
ELA ensinou-o a gostar de coisas que antes – a ele – lhe pareciam ridículas. E primeiro ele rejeitou-as até se permitir encaixá-las na sua vida. Eu gosto disso no amor: quando cedemos. Quando nos vergamos para aceitar o inaceitável. É normalmente nessas alturas que descobrimos grandes paixões. É nessas alturas que nos ouvem dizer: «Nunca pensei gostar tanto disto»... O amor traz-nos essa flexibilidade. Os que nunca se vergam acabam duramente sozinhos.
Ele também a ensinou a gostar de coisas diferentes das do mundo dela: não nós de pesca ou truques da sueca mas coisas dos discos e dos livros. Foi só ele estender-lhe a primeira pista e, não muito tempo depois, já ela o estava a ultrapassar com a sua aprendizagem. Quando as pessoas se amam muito é porque têm orgulho uma na outra, senão misturava-se a compaixão e a compaixão não é motor que faça o amor andar. Quando há esse amor grande, as pessoas insistem em surpreender-se. Ela passou a levar-lhe livros para casa de que ele nunca ouvira falar, e ele conquistava-a com mais uma música, mais uma voz que ela deixava chegar ao coração.
TIVERAM filhos, cães, férias de sol, viagens, e trabalharam muito para poder ter dinheiro. O dinheiro é importante para que o amor não se torne uma coisa coitadinha. E sobretudo para prescindir dele e escolher a paixão.
Mesmo no trabalho eles arranjaram maneira de se cruzar, de se misturar, de nos confundir com as suas identidades. Ambos movidos por uma força qualquer que não se percebia se era a que resultava dos dois, ou se cada um deles era assim generoso e destemido na partilha.
Foi tudo rápido e inesperado: ele morreu há dias. E a ouvi-la a recordá-lo foi como se ele nunca tivesse sido áspero ou arredio. É sobre o Amor que se tem de escrever, porque do menos nobre estão os jornais cheios.
Cidália Dias
(in NS de 07.10.09)
terça-feira, 3 de novembro de 2009
O PACEMAKER
"Quando duas pessoas estão à beira da ruptura, o que é que podemos fazer por elas? A questão surgiu depois da conversa com um amigo prestes a separar-se. Eu achei que o podia ajudar convidando-o a distrair-se, mas depois dei comigo pensando no que realmente poderia fazer.
Não acho que se possa fazer grande coisa. Se incentivamos um deles a separar-se, teremos o outro à perna o resto da vida (embora às vezes, mais tarde, também nos agradeçam). Se os tentamos convencer a continuarem juntos, afundamos o sofrimento de ambos, levando-os a pensar que há algo de errado em cada um deles, quando antes só havia perfeição… Os amigos, nós, os outros, são de evitar, a não ser que precisemos deles para ir comprar um novo enxoval. Acreditem que os amigos aparecem e desaparecem em altura de mudanças. Só os bons ficam.
Entre homens há muito aquela máxima do «tu precisas é de te divertir». E lá vão eles, errando pela noite, deixando rasto de pieguice disfarçado de virilidade. Metem-se com mulheres, saem, jantam fora em sítios que impressionam, compram roupa nova, descobrem que há vida para além das quatro paredes do T3 pago com muito esforço. Uma noite, por motivos vários, ficam em casa sozinhos e o mundo cai-lhes em cima.
COM AS MULHERES também não é muito diferente. Talvez o rasto de pieguice não seja disfarçado e talvez elas criem mais ilusões onde antes só havia uma certeza: que o amor delas tinha acabado. As mulheres ficando uma noite sozinhas, de agenda aberta e guloseimas escancaradas, também vão sofrer, mas elas sempre sofreram.
Quando há muitos anos me separei, fiz o meu caminho. Conheci fanfarrões e piegas. Atirei-me aos tipos errados, fui inconveniente quando só queria ser ouvida.
Fazem-se muitos erros nesta altura. Até porque ninguém tem o conselho certo para nos dar. Andamos, vagueamos à espera de encontrar alguém ou alguma placa que nos diga o caminho certo, mas isso nunca vai surgir. O labirinto é coerente: vamo-nos perder até ao fim. No fundo, só queríamos saber se ficamos ou se seguimos em frente com a nossa vida mas a resposta revelar-se-á muito mais complexa do que alguma vez sonhámos.
Os amigos terão sempre a tentação de nos puxar para jantares com gente «interessante» e que «tem tudo que ver contigo». Mas eu acho que nós precisamos é de silêncio. O silêncio, que tanto magoa, tem essa vantagem de nos fazer ouvir (e ver?) com muito mais nitidez. Nós às vezes não conseguimos é ouvir o eco da nossa dor. E a parcialidade do sofrimento nunca nos levou longe.
ESTA É a fase em que as músicas parecem ter sido escritas para nós e os filmes nos parecem uma grande ilusão onde no entanto todos queremos morar. O mundo conspira contra os corações vulneráveis. Normalmente, nesta altura também podem surgir gastos inesperados: pequenos incidentes domésticos ou fiscais que nos levam o resto da dignidade que ainda havia em nós. A vantagem de tudo isto é que a seguir só podemos renascer.
Quando os amigos separados vierem queixar-se da metade correspondente, o melhor é não lhes dar ouvidos: tudo o que nos disserem vai fazer parecer que o outro ainda deseja esta parte – ainda que já esteja a milhas num spa acompanhado…
Eu acho que aos amigos na encruzilhada do amor se deve dar aquilo para que eles não têm disponibilidade: a funcionalidade da vida. A incrivelmente mesquinha ordem dos dias que garante a nossa existência comum. Por isso é que podemos ir comprar o faqueiro, as tintas, a louça de casa de banho e tudo o resto que a cabeça dorida dos nossos amigos não consegue suportar. Se depois disso eles ainda quiserem sair e beber um copo, vamos com eles, mas não se esqueçam que um coração precisa de sentir a dor para voltar a viver.
Oh God, make me good, but not yet!"
in O sexo e A Cidália - Cidália Dias
Não acho que se possa fazer grande coisa. Se incentivamos um deles a separar-se, teremos o outro à perna o resto da vida (embora às vezes, mais tarde, também nos agradeçam). Se os tentamos convencer a continuarem juntos, afundamos o sofrimento de ambos, levando-os a pensar que há algo de errado em cada um deles, quando antes só havia perfeição… Os amigos, nós, os outros, são de evitar, a não ser que precisemos deles para ir comprar um novo enxoval. Acreditem que os amigos aparecem e desaparecem em altura de mudanças. Só os bons ficam.
Entre homens há muito aquela máxima do «tu precisas é de te divertir». E lá vão eles, errando pela noite, deixando rasto de pieguice disfarçado de virilidade. Metem-se com mulheres, saem, jantam fora em sítios que impressionam, compram roupa nova, descobrem que há vida para além das quatro paredes do T3 pago com muito esforço. Uma noite, por motivos vários, ficam em casa sozinhos e o mundo cai-lhes em cima.
COM AS MULHERES também não é muito diferente. Talvez o rasto de pieguice não seja disfarçado e talvez elas criem mais ilusões onde antes só havia uma certeza: que o amor delas tinha acabado. As mulheres ficando uma noite sozinhas, de agenda aberta e guloseimas escancaradas, também vão sofrer, mas elas sempre sofreram.
Quando há muitos anos me separei, fiz o meu caminho. Conheci fanfarrões e piegas. Atirei-me aos tipos errados, fui inconveniente quando só queria ser ouvida.
Fazem-se muitos erros nesta altura. Até porque ninguém tem o conselho certo para nos dar. Andamos, vagueamos à espera de encontrar alguém ou alguma placa que nos diga o caminho certo, mas isso nunca vai surgir. O labirinto é coerente: vamo-nos perder até ao fim. No fundo, só queríamos saber se ficamos ou se seguimos em frente com a nossa vida mas a resposta revelar-se-á muito mais complexa do que alguma vez sonhámos.
Os amigos terão sempre a tentação de nos puxar para jantares com gente «interessante» e que «tem tudo que ver contigo». Mas eu acho que nós precisamos é de silêncio. O silêncio, que tanto magoa, tem essa vantagem de nos fazer ouvir (e ver?) com muito mais nitidez. Nós às vezes não conseguimos é ouvir o eco da nossa dor. E a parcialidade do sofrimento nunca nos levou longe.
ESTA É a fase em que as músicas parecem ter sido escritas para nós e os filmes nos parecem uma grande ilusão onde no entanto todos queremos morar. O mundo conspira contra os corações vulneráveis. Normalmente, nesta altura também podem surgir gastos inesperados: pequenos incidentes domésticos ou fiscais que nos levam o resto da dignidade que ainda havia em nós. A vantagem de tudo isto é que a seguir só podemos renascer.
Quando os amigos separados vierem queixar-se da metade correspondente, o melhor é não lhes dar ouvidos: tudo o que nos disserem vai fazer parecer que o outro ainda deseja esta parte – ainda que já esteja a milhas num spa acompanhado…
Eu acho que aos amigos na encruzilhada do amor se deve dar aquilo para que eles não têm disponibilidade: a funcionalidade da vida. A incrivelmente mesquinha ordem dos dias que garante a nossa existência comum. Por isso é que podemos ir comprar o faqueiro, as tintas, a louça de casa de banho e tudo o resto que a cabeça dorida dos nossos amigos não consegue suportar. Se depois disso eles ainda quiserem sair e beber um copo, vamos com eles, mas não se esqueçam que um coração precisa de sentir a dor para voltar a viver.
Oh God, make me good, but not yet!"
in O sexo e A Cidália - Cidália Dias
GAIVOTAS PEQUENINAS NA FOZ DO DOURO
ULTIMA CRONICA DO ALA in Visão 22.10.2009
As gaivotas pequeninas regressaram à foz do Douro, há sol outra vez, estamos na muralha a olhá-las.
Desta feita nunca mais desaparecerão dos penedos de que mal se distinguem e mesmo que o mar as leve permanecerão ali. Tentei matá-las e resistiram, tentei esquecê-las e não as perdi nunca. Passaram todo este tempo dentro de mim, à espera que as devolvessem ao lugar que é o seu, lá em baixo na salsugem.
Tonto de sol vejo-as caminhar, perco-as, recupero-as, não se vão embora: existem para sempre, como um testemunho escrito a sangue na carne, um nome que não se apaga, uma presença infinita. Não crescerão: quero-as assim, depois de tanta tempestade interior, tanta cobardia, tanto medo. Nenhuma névoa, nenhum medo já: as palmeiras e as gaivotas pequeninas chegam-me como penhor.
As pessoas na esplanada do restaurante nem as vêem: ocupam-se a comer, a conversar, não as conhecem, não dão por elas sequer. E que paz de silêncio no interior das ondas, que fervor de alegria. Cheguei. Finalmente cheguei. Quase sem palavras e sem gestos porque as palavras e os gestos inúteis: basta este simples milagre, esta pureza silenciosa, este fervor de alegria. Tudo tão fácil, afinal, quando se olha o mundo de frente, que evidência tão clara. As mãos no rebordo nem precisam tocar-se para que a viagem comece. Basta esta proximidade, este rumoroso silêncio, o vento: as gaivotas pequeninas na foz do Douro sabem-no, não brancas, cinzentas e o cinzento mais branco que qualquer outro branco, uma exaltação mais funda que a do corpo, tatuado de unhas ao comprido da tarde, braços em cruz de dedos cravados nas almofadas, olhos de pura água que se abrem devagar, um sangue vivo que canta.
Não há dia mais dia que este dia, não há noite mais noite que esta noite, e as gaivotas pequeninas na dobra do lençol. Nada dói, nada ofende, nada magoa.
Beijar o sol na boca, abraçar os limos, tocar no ar que nos atravessa a garganta. Casas lá para trás, tão longe. As pessoas na esplanada longíssimo também: só as gaivotas pequeninas perto, só este sol, este vento, o escapulário já sem imagens que trago no pescoço. Caminha-se, sem peso, na luz, nem sequer é necessário reinventar o mundo: permaneceu ali desde sempre, à espera. Agora tenho-o fechado na mão, a minha vida pertence-me, não tornam a roubar-ma.
Um automóvel debaixo de uma ponte, à espera, a doce violência de um sorriso, tudo, ao mesmo tempo, lento e rápido, o milagre das línguas, o umbigo prateado.
O meu irmão diz que tenho unhas de puta
e, meu Deus, o que as unhas de puta conseguem. A ferida da ausência até ao osso:
- Como é que estás vestida?
- Ténis pretos, calças pretas, camisola preta
- Como é que estás vestida?
- De toga no alto das escadas
E, por baixo da toga, gaivotas pequeninas, o mar da foz do Douro, os penedos, a mulher, com duas canas de pesca enterradas na areia, a limpar a praia.
- Adoro as tuas unhas de puta
como adoro a cabeça de perfil e os olhos fechados, o modo de dizer
- Minha riqueza
os dentes no meu ombro. Tudo treme no vento e se refaz, tudo se desarticula na água e permanece inteiro, os teus pés descalços nos pedais do carro, os calcanhares, um após outro, no apoio do lavatório para o creme das pernas, os pontinhos brancos que distribuis pela cara antes de os espalhar, o secador levantando o cabelo molhado, o modo de apertar o soutien nas costas numa habilidade de contorcionista, o nariz franzido vasculhando o frigorifico, uma joaninha num ramo de rosas, o modo rápido de lidar com os objectos e nisto, de repente, a surpresa de uma ternura vagarosa, ávida, os bicos do peito a crescerem, a mansa ferocidade dos dentes.
As gaivotas pequeninas regressaram à foz do Douro, há sol outra vez, estamos na muralha a olhá-las. Desta feita nunca mais desaparecerão dos penedos.
terça-feira, 28 de julho de 2009
Diz a Verdade ...
Se te perguntarem por nós, sobre
Que coisa fazemos quando estamos
Juntos, diz a verdade
Que deslocamos os cometas sem
Querer, as estrelas para desenhos e
A lua garantindo o amor
Diz a verdade sobre a intervenção
Na cósmica escolha dos casais,
A obrigação de nos obedecer
Não fosse o universo desentender quem
somos e favorecer a separação ou,
Pior, o não nos havermos conhecido ...!
Que coisa fazemos quando estamos
Juntos, diz a verdade
Que deslocamos os cometas sem
Querer, as estrelas para desenhos e
A lua garantindo o amor
Diz a verdade sobre a intervenção
Na cósmica escolha dos casais,
A obrigação de nos obedecer
Não fosse o universo desentender quem
somos e favorecer a separação ou,
Pior, o não nos havermos conhecido ...!
segunda-feira, 22 de junho de 2009
E VIVA OS SANTOS!! AMIGA A NOSSA MUSICA...HUUU LIKE LIKE
E VIVA A GINGA E A RAINHA DOS FINALMENTES!!!
terça-feira, 2 de junho de 2009
My antidote to depressing
É QUE NÃO HÁ PALAVRAS! OBRIGADA ELSA E RICARDO! AINDA HJ NAO CONSIGO VER ISTO SEM DESATAR À GARGALHADA! MESMO SEM A NOSSA GINGINHA!!
When life gives you lemons, make lemonade!
ESTA SEMPRE FOI UMA DAS MINHAS MÁXIMAS E ANDO SP A APREGOÁ-LA, MAS HJ, E SO HJ PORQUE NEM SEMPRE PODEMOS SER SUPER MULHERES...
When life gives you lemons, find someone who has vodka and throw a party.
When life offers you lemons - ask for tequilla and salt.
If life gives you lemons throw them at someone... and if they give you apples do the same
When life gives you lemons, tuck them in your bra. Couldn't hurt, might help.
When life gives you lemons, grab them and eat them before he descides to take them back
When life, gives you lemons, you must clone those lemons and make, super lemons
If life gives you lemons, ask life what the hell is it thinking giving you lemons and why it can't give you money instead!
When life gives you lemons, run away, your not supposed to take things from strangers
MAS HJ CONTRARIAMENTE AO HABITUAL TERMINO COM :
When life gives you lemons, ignore it if you'd prefer orange.
When life gives you lemons, find someone who has vodka and throw a party.
When life offers you lemons - ask for tequilla and salt.
If life gives you lemons throw them at someone... and if they give you apples do the same
When life gives you lemons, tuck them in your bra. Couldn't hurt, might help.
When life gives you lemons, grab them and eat them before he descides to take them back
When life, gives you lemons, you must clone those lemons and make, super lemons
If life gives you lemons, ask life what the hell is it thinking giving you lemons and why it can't give you money instead!
When life gives you lemons, run away, your not supposed to take things from strangers
MAS HJ CONTRARIAMENTE AO HABITUAL TERMINO COM :
When life gives you lemons, ignore it if you'd prefer orange.
quinta-feira, 7 de maio de 2009
quarta-feira, 6 de maio de 2009
Doctor and Patient - A Portuguese novelist dissects his country.
in "The New Yorker" May, 4, 2009
"The Portuguese novelist António Lobo Antunes discovered his literary vocation while delivering babies, performing amputations, and carving up corpses. Lobo Antunes trained as a doctor, and in the early nineteen-seventies, during military service, he was dispatched to Angola, near the end of a futile war in which the faltering Portuguese empire grappled to retain its African colony. In a makeshift infirmary, he lopped off limbs while a queasy quartermaster—disqualified from operating because the sight of blood made him sick—turned away and recited instructions from a textbook. Lobo Antunes also assisted a witch doctor who presided over births. As he recalls in a new volume of essays and short stories, “The Fat Man and Infinity” (translated by Margaret Jull Costa; Norton; $26.95), he spent hours struggling “to pull living babies from half-dead mothers” and sometimes emerged into the daylight “holding in my hands a small tremulous life,” while mango trees rustled overhead and mandrills looked on. At such moments, he came “closest to what is commonly known as happiness.” The experience brought about a novelist’s epiphany. There was another way, Lobo Antunes saw, to fill the world with extra existences: characters could emerge fully formed from their creator’s brain, rather than making their blood-smeared escape from the womb.
With luck, a novelist can beget new lives, but he is also obliged to commemorate lives that cannot be saved. Back in Lisbon, after the war, Lobo Antunes worked at a hospital that treated children with cancer. The experience provoked a metaphysical rage; he found himself railing against a God who permitted such agony. He watched as a five-year-old boy with leukemia screamed for morphine. When the child died, two orderlies arrived with a stretcher, but the wasted body was so small that they chose to bundle it in a sheet. A foot slumped free of the shroud and dangled ineffectually in the air. Lobo Antunes decided, he said in a recent interview, “to write for that foot.”
Lobo Antunes published his first two novels in 1979. Since then, there have been twenty-one others, earning him a succession of European prizes. He is less well known to American readers, although nearly half of his novels have appeared in English—most recently “What Can I Do When Everything’s on Fire?” (translated by Gregory Rabassa; Norton; $19.95)—and Dalkey Archive has begun to publish earlier, previously untranslated Lobo Antunes works, starting with the 1980 novel “Knowledge of Hell” (translated by Clifford E. Landers; $13.95). Internationally, Lobo Antunes is overshadowed by his older colleague José Saramago, who won the Nobel Prize in 1998. At home, the two writers, like rival political parties or sports teams, have noisy partisans, and those who cheer for Lobo Antunes claim that the wrong man won the Nobel. Lobo Antunes himself apparently agrees: when the Times called for a comment on Saramago’s victory he grumbled that the phone was out of order and abruptly hung up. "
DIA 16 NA FLLX!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
segunda-feira, 2 de março de 2009
continuamente a tocar no meu ipod...
“Meu pobre bicho-de-conta
Que te enrolaste de vez
Já não vives nos jardins
Já não sentes, já não vês
Só sei, meu bicho-de-conta,
que te enrolaste de vez
Minha alma, se te matei
Perdoa por esta vez
Fiz-te aspirar tão acima
Que desceste onde hoje vês
A seres um bicho-de-conta
que te enrolaste de vez
Não deixes o desespero
Ferir-te onde tu não vês
Há mais coisas nesta vida
Mais prazeres que não vês
Que essa dor que te atingiu
E que te enrolou de vez
Meu pobre bicho-de-conta
Que te enrolaste de vez”
Luís de Macedo
sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009
MISS HOME...
"I'll go to your room, but you have to seduce me."
HJ O MEU HORÓSCOPO NO DESTAKE REZAVA: " NO AMOR SIGA OS CONSELHOS DOS SEUS PAIS"! ORA E CASO OS CONSELHOS SEJAM DIVERGENTES?...EXTREMAMENTE IMPRUDENTE DA PARTE DO DIGNISSIMO RESPONSAVEL PELA SECÇÃO DE ASTROLOGIA,LANÇAR ASSIM A FÓRMULA PARA O AR...
AINDA BEM QUE JÁ VI O VICKY CRISTINA BARCELONA:
"Cristina, on the other hand, expected something very different out of love. She had reluctantly accepted suffering as an inevitable component of deep passion, and was resigned to putting her feelings at risk. If you asked her what it was she was gambling her emotions on to win, she would not have been able to say. She knew what she didn't want, however ! "
AINDA BEM QUE JÁ VI O VICKY CRISTINA BARCELONA:
"Cristina, on the other hand, expected something very different out of love. She had reluctantly accepted suffering as an inevitable component of deep passion, and was resigned to putting her feelings at risk. If you asked her what it was she was gambling her emotions on to win, she would not have been able to say. She knew what she didn't want, however ! "
quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009
"SE TU ME AMASSES, E EU TE AMASSE, COMO TE AMARIA"
"O fim duma viagem é apenas o começo doutra. É preciso ver o que não foi visto, ver outra vez o que se viu já, ver na Primavera o que se vira no Verão, ver de dia o que se viu de noite, com sol onde primeiramente a chuva caía, ver a seara verde, o fruto maduro, a pedra que mudou de lugar, a sombra que aqui não estava. É preciso voltar aos passos que foram dados, para os repetir, e traçar caminhos novos ao lado deles. É preciso recomeçar a viagem. Sempre. O viajante volta já."
J.Saramago
J.Saramago
domingo, 25 de janeiro de 2009
sábado, 24 de janeiro de 2009
PESSOA E CAMANÉ - QUEM RESISTE?
"Deixei atrás os erros do que fui
Deixei atrás os erros do que quis
E que não pude haver porque a hora flui
E ninguém é exacto nem feliz
Tudo isso como o lixo da viagem
Deixei nas circunstâncias do caminho,
No episódio que fui e na paragem,
No desvio que foi cada vizinho
Deixei tudo isso, como quem se tapa
Por viajar com uma capa sua,
E a certa altura se desfaz da capa
E atira com a capa para a rua"
Deixei atrás os erros do que quis
E que não pude haver porque a hora flui
E ninguém é exacto nem feliz
Tudo isso como o lixo da viagem
Deixei nas circunstâncias do caminho,
No episódio que fui e na paragem,
No desvio que foi cada vizinho
Deixei tudo isso, como quem se tapa
Por viajar com uma capa sua,
E a certa altura se desfaz da capa
E atira com a capa para a rua"
E Pronto...
Agora não. Talvez daqui a uma hora, amanhã, depois de amanhã, mais tarde, mas agora não. Agora aguenta-te, finge que és forte, sorri ou, pelo menos, puxa os cantos da boca para cima: se mantiveres os olhos secos vão pensar que é um sorriso. Então basta pedir
- Com licença
e saíres.
(...) um dos pescadores procura isco na alcofa, os morros de Almada, uma paz tão grande não é, um sossego lento não é, uma calma não é, a tristeza a dissolver-se, fecha os olhos, descansa, e vais ver que daqui a nada já não te lembras que acabámos, daqui a nada já nem te lembras de mim.
António Lobo Antunes, in Crónicas na Revista Visão
- Com licença
e saíres.
(...) um dos pescadores procura isco na alcofa, os morros de Almada, uma paz tão grande não é, um sossego lento não é, uma calma não é, a tristeza a dissolver-se, fecha os olhos, descansa, e vais ver que daqui a nada já não te lembras que acabámos, daqui a nada já nem te lembras de mim.
António Lobo Antunes, in Crónicas na Revista Visão
"SEREI CAPAZ DE SER CAPAZ?"
CRY ME A RIVER
...
"Acho que não devia fazer electrocardiogramas eu, devia fazer escalas de Richter porque me parece que em lugar de coração tenho um sismógrafo cuja agulha assinala o menor estremeço interior ou exterior com uma amplitude imensa: basta-me viver para a agulha não parar e que cordilheiras de tinta os meus dias. Se me perguntam
– Como vais?
só tenho a mostrar riscos enormes, capazes de fazerem cair todos os prédios da cidade e espanta-me que Lisboa permaneça intacta e o chão nem oscile."
ALA - quem mais...
quarta-feira, 14 de janeiro de 2009
sexta-feira, 26 de dezembro de 2008
segunda-feira, 22 de dezembro de 2008
Sei que não vou por aí
" "Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou..."
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou..."
quinta-feira, 18 de dezembro de 2008
quinta-feira, 11 de dezembro de 2008
EU SOU MESMO FELIZ!
segunda-feira, 24 de novembro de 2008
quinta-feira, 13 de novembro de 2008
"AS MAIS VALIAS IMOBILIÁRIAS EM SEDE DE IRS- EXCLUSÃO DE TRIBUTAÇÃO EM CASO DE REINVESTIMENTO COM RECURSO A FINANCIAMENTO BANCÁRIO"
quinta-feira, 30 de outubro de 2008
quarta-feira, 22 de outubro de 2008
terça-feira, 21 de outubro de 2008
sexta-feira, 17 de outubro de 2008
LIKE A CAT ON A HOT TIN ROOF
Maggie: Is it any wonder? You know what I feel like? I feel all the time like a cat on a hot tin roof.
Brick (offering a solution): Then jump off the roof, Maggie, jump off it. Now cats jump off roofs and they land uninjured. Do it. Jump.
Maggie: Jump where? Into what?
Brick: Take a lover.
Maggie (angrily): I don't deserve that! I can't see any man but you. With my eyes closed, I just see you. Why can't you get ugly Brick? Why can't you please get fat or ugly or somethin' so I can stand it?
Brick: You'll make out fine. Your kind always does.
Maggie: Oh, I'm more determined than you think. I'll win all right.
Brick: Win what? What is, uh, the victory of a cat on a hot tin roof?
Maggie: Just stayin' on it, I guess. As long as she can.
Brick (offering a solution): Then jump off the roof, Maggie, jump off it. Now cats jump off roofs and they land uninjured. Do it. Jump.
Maggie: Jump where? Into what?
Brick: Take a lover.
Maggie (angrily): I don't deserve that! I can't see any man but you. With my eyes closed, I just see you. Why can't you get ugly Brick? Why can't you please get fat or ugly or somethin' so I can stand it?
Brick: You'll make out fine. Your kind always does.
Maggie: Oh, I'm more determined than you think. I'll win all right.
Brick: Win what? What is, uh, the victory of a cat on a hot tin roof?
Maggie: Just stayin' on it, I guess. As long as she can.
sexta-feira, 10 de outubro de 2008
"sei poucas coisas, quase nada, mas sei isto sobre ti."
quinta-feira, 9 de outubro de 2008
quarta-feira, 8 de outubro de 2008
...
"Tanto ruído no interior deste silêncio: são as vozes dos outros a falarem em mim, pessoas de quem gostei, pessoas que perdi, gente que tenho ainda."
ALA
ALA
sexta-feira, 19 de setembro de 2008
QUEM SE LEMBRA DO TAO TAO?
terça-feira, 16 de setembro de 2008
PERDIDA EM LISBOA
"Quando atravesso - vinda do sul - o rio
E a cidade a que chego abre-se como se do meu nome nascesse
Abre-se e ergue-se em sua extensão nocturna
Em seu longo luzir de azul e rio
Em seu corpo amontoado de colinas -
Vejo-a melhor porque a digo
Tudo se mostra melhor porque digo
Tudo mostra melhor o seu estar e a sua carência
Porque digo
Lisboa com seu nome de ser e de não-ser
Com seus meandros de espanto insónia e lata
E seu secreto rebrilhar de coisa de teatro
Seu conivente sorrir de intriga e máscara
Enquanto o largo mar a Ocidente se dilata
Lisboa oscilando como uma grande barca
Lisboa cruelmente construída ao longo da sua própria ausência
Digo o nome da cidade
- Digo para ver"
Sophia de Mello Breyner Andresen
terça-feira, 29 de julho de 2008
...
"Quando não se ama demais, não se ama o suficiente."
"Maximes d'Amour pour les Femmes"
Bussy-Rabutin , Roger
"Maximes d'Amour pour les Femmes"
Bussy-Rabutin , Roger
domingo, 6 de julho de 2008
sexta-feira, 4 de julho de 2008
I WAS MADE FOR YOU
DA CLAU PARA O MIGUI, DA GUI PARA O PIPO!
MAIS UMA DAS "NOSSAS" MUSICAS AMIGA! MISS YOU...
SABES SEMPRE DO QUE GOSTO, SEM PRECISAR DE TE DIZER...VAMOS IMIGRAR PRA ANGOLA! LOOOOL
"All of these lines across my face
Tell you the story of who I am
So many stories of where I've been
And how I got to where I am
But these stories don't mean anything
When you've got no one to tell them to
It's true...I was made for you
I climbed across the mountain tops
Swam all across the ocean blue
I crossed all the lines and I broke all the rules
But baby I broke them all for you
Because even when I was flat broke
You made me feel like a million bucks
Yeah you do and I was made for you
You see the smile that's on my mouth
Is hiding the words that don't come out
And all of my friends who think that I'm blessed
They don't know my head is a mess
No, they don't know who I really am
And they don't know what I've been through like you do
And I was made for you..."
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